sábado, 22 de outubro de 2005

Poemas onde o universo da arte e da ciência se cruzam

Lágrima de Preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima para analisar.

Recolhi a lágrima
Com todo o cuidado
Num tubo de ensaio
Bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro
nem vestígios de ódio,
água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

Rómulo de Carvalho / António Gedeão, um cientista e um grande poeta português.

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