Optimista ou Pessimista Ambiental?

O optimista defende que vivemos no melhor dos mundos;

e o pessimista tem medo que seja verdade

James Branch Cabell (1926)

Sr. Optimista: O ambiente está a melhorar e a saúde também. A nova legislação sobre qualidade do ar e da água, bem como dos resíduos, tornaram aqueles meios mais limpos, tendo atingido os menores valores de poluição dos últimos 20 anos. Reduzimos drasticamente alguns poluentes atmosféricos, tais como o SO2, o mercúrio e o chumbo. O rio Paiva voltou a ser um dos rios menos poluídos da Europa e os resíduos estão a ser recolhidos a 100% da população. Os cuidados de saúde primários têm apresentado uma tendência clara para o aumento. Tudo isto foi conseguido apesar da população ter aumentado, o rendimento das famílias aumentou e o Produto Nacional Bruto e o Índice da Euronext Lisbon (PSI-20) atingem valores nunca antes alcançados, no início do presente século XXI. As pessoas vivem mais, crescem mais fortes, gozam mais agora a sua reforma do que faziam antes.

Sr. Pessimista: Mas em que planeta vives tu? Aqui nesta terra que designamos por Portugal, alguns rios melhoraram a qualidade da sua água, mas as zonas costeiras foram completamente ignoradas. Houve menos praias com Bandeira Azul; a pesca diminuiu; os peixes e os sedimentos estão contaminados com poluentes herdados, como os PCBs, os PAHs e o mercúrio. Não se conseguirem identificar adequadamente as relações entre a poluição atmosférica e as doenças respiratórias; há cada vez mais crianças com asma; apareceram novas ameaças todos os anos – os perclorados (PFOS), produtos farmacêuticos e organismos resistentes aos antibióticos apenas para nomear alguns. Meu irracional: os problemas não diminuíram; a escala é que simplesmente passou da local para a regional e global. E o maior problema ambiental do nosso tempo não foi ainda olhado seriamente pelo governo e pelas autarquias: a emissão de gases com efeito de estufa e as alterações climáticas.

Sr. Optimista: As minhas desculpas, mas não vejo o céu a cair em cima das nossas cabeças. Com toda esta prosperidade, não há dúvidas que resolveremos os problemas. De acordo com o IPCC a temperatura aumentou 0,5 ºC nos últimos 100 anos. Como podes estar certo que não é devido a causas naturais? Se o clima começar a aquecer dramaticamente, poderemos resolver o problema com carros a hidrogénio, centrais nucleares e tecnologias de carvão limpo. A tecnologia encontrará todas as soluções, quer para o ambiente, quer para cura das doenças que são apontadas como resultantes dos efeitos dos poluentes. De facto, a globalização levará a mundo muito mais interdependente. Essa é a nossa maior esperança para a paz e a prosperidade no futuro, um mundo sem fronteiras.

Sr. Pessimista: Gostaria de partilhar a tua visão cor-de-rosa. Mas não consigo sequer imaginar como poderemos ter água para 9 mil milhões de pessoas. Já estamos a apropriar-nos de cerca de metade da água doce do mundo para uso humano e a quantidade média de água disponível por pessoa tem diminuído rapidamente, devido ao crescimento das mega-cidades, desenvolvimento costeiro e alterações da distribuição da precipitação. Água de qualidade ainda não está acessível a mais de 1,1 mil milhões de pessoas e 2, 4 mil milhões não têm adequado saneamento. O que origina várias doenças, de que a malária e cólera são as mais importantes. Milhões de crianças morrem com doenças que poderiam ser prevenidas se as águas fossem tratadas. Tal como eu vejo a situação, tu estás completamente enganado.

Scott Adams tinha razão: “Um optimista é simplesmente um pessimista que não tem experiência sobre o assunto.”

(in Portal Ambiente & Saude)